O que eu vendo são sonhos, oportunidades e infinitas chances para que outras pessoas, no caso os clientes nem sempre atenciosos e menos exigentes, sejam felizes e, como forma de pagamento, também me façam.
Eles cobram de mim que esteja sempre centrada, amorosa e, obviamente, disposta à sonhar, quem sabe até mesmo viajar com eles, neste caso, na 'maionese'. Não importam-se com a quantidade de pedidos, se hoje não é um bom dia e muito menos se as coisas normais como o tempo, o horário ou qualquer que seja o motivo estejam fora do normal. Eles querem sonhar, somente.
Então quando eu resolvo trocar de 'negócio' meus clientes geralmente olham apavorados, com um certo ar de desespero. Alguns até tentam me agarrar, gritar, implorar um perdão pedido com tanta suplicia que chego a me apavorar. Tem os que perguntam o que esta acontecendo, porque eu estou tendo essa atitude tão drástica, outros, por sua vez, enxergam o quanto foram cansativos e pesarosos para mim e então começam à chorar e tentar me fazer calma e centrada novamente.
O que mais me incomoda em todos eles é que são muito parecidos, até mesmo em suas tão dolorosas e, até mesmo, comediantes exigências. Chego a ficar realmente deprimida e até mesmo me sentindo um ser desprovido de caridade e vontade quando minhas forças simplesmente se acabam, e eu me pergunto sempre em meio à lágrimas: Por que não possuo mais a força de antes? A resposta para esta pergunta é tão óbvia que eu não queria ter que responder para mim mesma que tudo isso é porque fui sugada por vampiros que possuem como alimento preferido: vontade, alma, coração e, principalmente, sonhos.
Sabe o que eu quero agora? Descansar, estou exausta. Preciso livrar de mim mesma toda a craca que se mantém impregnada em minha pele para que, quem sabe um dia, eu possa não vender sonhos, mas viver um.